sábado, 12 de dezembro de 2009
Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004), de Michel Gondry
Aqui temos, novamente, uma maluquice oriunda da mente criativíssima de Kaufman, que navega pelos interstícios misteriosos do amor. Não há novidade no tema abordado, e sim na maneira como se o faz. Para os familiarizados com o baú de invenções do roteirista, é sabido que virá muita metalinguagem e passeios insanos pela mente humana.
Partindo dessa premissa, o espectador é convidado a acompanhar um conto sobre o nascimento e o ocaso do amor entre Joel (Jim Carrey, menos careteiro) e Clementine
(Kate Winslet, adoravelmente louca), que se conhece numa pequena estação de trem. Conversam um pouco e se apaixonam, dando início a um idílio tão intenso quanto fugaz. Isso porque Clementine se cansa da rotina na qual se transforma seu
relacionamento com Joel. Para alguém que é mutável por natureza (o que se traduz, entre outras coisas, na variedade de cores de seu cabelo), esse detalhe é inconcebível. Daí, vem o rompimento e, com ele, a ideia inovadora de Clementine:
passar por um tratamento na clínica do Dr. Howard (Tom Wilkinson). A experiência consiste em apagar da mente todas as lembranças relacionadas a alguém especificamente que, no caso dela, é Joel.
Inconformado com a atitude de sua ex-namorada, Joel decide passar pelo mesmo procedimento. O problema começa quando, no meio do processo, ele percebe o quanto ainda ama Clementine, e que não suportaria viver sem as reminiscências desse "enlace amoroso".
Contado em linhas gerais, o enredo já mostra um mescla de gêneros cinematográficos distintos. O filme consegue fundir romance, drama e ficção científica, além de uma dose de comédia, que surge das várias situações improváveis em que os personagens se metem. Essa mistura é um dos fatores que exigem a atenção do público, pois um simples piscar de olhos pode significar a perda de elementos importantes da narrativa, que não é convencional. Isso advém do fato de que, a partir da decisão de Joel em cancelar seu tratamento, várias ações se passam em sua cabeça, especificamente aquelas que se referem à sua relação com Clementine.
Essa é a chance que temos de acompanhar, mais desdobradamente, os momentos vividos pelo casal, tão banais quanto inusitados. Nessas sequências, o púbico pode mais facilmente se apaixonar pela história dos dois, mas não adiantará torcer por eles, já que, de antemão, sabe-se que não há muito futuro para os dois.
A exemplo de seus roteiros pregressos (Quero ser John Malkovich, Adaptação), Kaufman flagra, em "Brilho eterno...", a finitude da existência e a fragilidade dos laços humanos. É um cinema em que se encontram insights de reflexão, lançados sem ancoramento na realidade palatável a que estamos acostumados.
Felizmente, Gondry compreendeu essa essência, e houve harmonia entre ele e Kaufman, assim como o foi com Spike Jonze anteriormente. E, mais uma vez, há um elenco afiado para dar conta do nonsense (aparente) dessa viagem existencial. Também se tem verborragia e uma constatação cruel, ainda que não inédita: o amor não resiste à rotina.
Hora de voltar (2005), de Zach Braff
Com um baixo orçamento e uma série de elementos cativantes, Braff conta-nos a história banal de Andrew Largeman (vivido pelo próprio Braff), um ator que volta à sua terra natal para o enterro da sua mãe. O retorno ocorre após nove anos de ausência, e não deixará que ele passe incólume. Sim, este é um filme sobre volta, mas não "mais um filme sobre volta", vale ressaltar.
Aqui, o cineasta lança mão de uma trilha sonora pop, que passeia por baladas mais românticas e melancólicas e também por canções mais alegres. Cada qual sublinha uma passagem importante da vida do protagonista, um rapaz travado, que já chegou à idade adulta, mas tem dificuldades no relacionamento com as pessoas, seja para amizade, seja para amor. Por conta disso, seu pai e psicólogo (Ian Holm) sempre lhe receitou drogas para ansiedade. Uma vez de volta ao lugar onde viveu áureos tempos, decide abandonar essas "bengalas" e caminhar sozinho. Acaba se apaixonando por Sam (Natalie Portman), uma adorável trapaceira, que também conquista facilmente o público com suas tiradas cheias de um humor todo particular. Uma cena memorável do filme é quando os dois, pouco depois de se conhecer, falam sobre a mentira. Sam dispara que mente o tempo todo, como um vício, mas que o fato de ela falar que mente sempre também pode ser uma mentira. Large e Sam entram num divertido jogo dialético sobre o valor da verdade. Um belo achado.
O veículo de Large, uma mistura de lambreta com motocicleta, também é um charme do filme, que tem roteiro também escrito por Zach Braff. Nas três frentes, ele demonstra uma maturidade incrível para lidar com as questões existenciais que interessam a todos. Sempre com uma visão poética, e, às vezes, algo melancólica. É aí que está uma das marcas de relevância desse longa, uma feliz conjugação de talento com a existência de algo a dizer. Porque não adianta um gasto exacerbado com elenco e efeitos especiais se o filme não passa verdade, é descartável e se esquece imediatamente ao final de sua sessão.
Nesse sentido, "Hora de voltar" (Garden state, no original) se destaca em meio à pilhas de besteiras com que Hollywood insiste em entupir o grande público, que se habitua a voos rasantes em termos de narrativa cinematográfica. Nas entrelinhas, a grande sacada do filme é mostrar que a vida vale por pequenos fatos, e que a felicidade não vem apenas com eventos incrivelmente grandiosos. É uma nova leitura do bom e velho carpe diem, propalado muitas vezes de maneira errônea, e que quer dizer, na verdade, atentar para cada minuto da vida, sem grandes excessos de que se arrepender depois, mas sim com consciência plena. Vale muito a pena aceitar o convite que Braff nos faz.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Os Mercenários (The Expendables), em BREVE...
Sinédoque, Nova York, de Charlie Kaufman (2008)
Suas obras parecem convergir para um mesmo objetivo: captar, sob a perspectiva do insólito, aspectos fundamentais do homem. Com seus roteiros inventivos e soberbos, ele flagra a finitude humana, a agonia do existir, e se apropria de modo espetacular da metalinguagem, chegando a uma espécie de realismo fantástico.
A sua obra também encontra aparentamento nos filmes do não menos genial Wes Anderson, realizador de pérolas como "Os excêntricos Tenembaums" e "A vida marinha com Steve Zissou". Ambos exibem uma galeria de tipos extravagantes, tal qual os "loucos adoráveis" de Kaufman.
Mas, falando especificamente de "Sinédoque, Nova York", se há uma palavra-chave para "definir" o filme (que está mais para indefinível), ela muito provavelmente é solidão. E este é o primeiro filme com Kaufman também na direção.
Caden Cotard, personagem do sempre ótimo Philip Seymour Hoffman, partece estar fadado a uma vida solitária. Afinal, sua esposa o abandona, sua filha prefere uma estranha à sua companhia, e seu projeto de vida nunca chega a se concretizar de fato, que é a peça sobre ele mesmo, que ele tenta reproduzir no galpão de um grande armazém.
A propósito da peça, é a partir do início dos ensaios para sua apresentação que o filme, que já vem até então num ritmo contagiante, evolui para um tratado sobre a personalidade humana e o eu-personagem, além de destacar o olhar do autor sobre sua obra, num viés majoritariamente psicanalítico.
A diversidade do eleco feminino é um outro grande achado do filme. Ele é composto por atrizes veteranas - à exceção de Michelle Williams - que não estão toda hora em cartaz. Todas, desde Catherine Keener, que já havia trabalhado num filme com roteiro de Kaufman, "Quero ser John Malkovich", a Diane Wiest, que demora um bocado para entrar em cena, estão perfeitas em suas composições, deixando o espectador em estado de graça.
Mas, discorrer a contento sobre todas as camadas e possibilidades do filme me parece impossível. É como querer dar conta de todas as estrelas do céu, numa comparação talvez exagerada.
Por isso, me limito a falar acerca das minhas impressões de cinéfilo acerca dessa obra monumental. E essas linhas, repito, são póuco diante do que Kaufman nos proporciona, tanto em termos de narrativa como em termos de atuações e enredo.
Issso porque ele se propõe a tratar de coisas de que as palavras não dão conta. Sempre haverá um abismo entre o que se pensa e o que se diz.
O filme é, em suma, uma espécie de épico da natureza humana muito bem engendrado, com passagens que beiram o pitoresco, mas que não são deméritos. Ao contrário, enriquecem o panorama sobre o que é o ser.
Lista: As 30 Melhores e Mais Marcantes FRASES da História do Cinema
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Taxi Driver, de Martin Scorsese (1975)
Quando me perguntam sobre cinema hoje, o que primeiramente me vem a mente, é esse, o multifuncional Taxi Driver.Um exemplo sobre o real sentido da palavra cinema, que por muitas vezes, não precisa ser uma obra de arte com inovações tecnológicas ou imagens belas, mas sim, uma verdadeira e fiel indústria na arte de retratar e divulgar pensamentos.O incoformismo, o ódio, a depressão, tudo está está sendo retratado da maneira mais perfeita, nessa, que é uma das obras mais consagradas do cinema norte-americano.
Em Nova York, um homem de 26 anos (Robert De Niro), veterano da Guerra do Vietnã, é um solitário no meio da grande metrópole que ele vagueia noite adentro. Assim começa a trabalhar como motorista de taxi no turno da noite e nele vai crescendo um sentimento de revolta pela miséria, o vício, a violência e a prostituição que estão sempre à sua volta. Perde bastante noção das coisas quando leva uma bela mulher (Cybill Sheperd), que trabalha na campanha de um governador, para ver um filme pornô logo no primeiro encontro, mas tem momentos de altruísmo ao tentar persuadir uma prostituta de 12 anos (Jodie Foster) para ela largar seu cafetão, voltar para a casa de seus pais e ir para a escola. Porém, em contrapartida, compra quatro armas, sendo uma delas um Magnum 44, e articula um atentado contra o senador (que planeja ser presidente) e para quem sua amiga trabalha.
Aparentemente comum, Travis(DeNiro, magnífico)surge como um nova-iorquino sofredor de insônia.Em busca de um emprego que satisfaça suas intermináveis noites, Travis resolve trabalhar em uma empresa de táxi,porque além de passar suas longas noites em atividade, poderá ganhar algum dinheiro.Aos poucos, vemos um sujeito que assim como tantos outros americanos, está inconformado com a situação cada vez mais caótica das noites de Nova Iorque, já que como trabalha na periferia, vê diariamente os absurdos que são cometidos pelas pessoas.Com o objetivo de se “enquadrar” de alguma maneira na sociedade cada vez mais suja e degradada, ele resolve chamar uma bela e solitária garota para sair, cuja suas expectativas são destruídas após levar a jovem à uma sessão pornô, pois Travis não sabia mais o que era “ser normal”.Após o término com a bela jovem, ele se sente cada vez mais sozinho e perdido em meio aquele caos urbano e com ódio crescente sobre a humanidade, e desestabilizado pela “sujeira da cidade”, como o próprio costumava dizer.Aliado a isso, ele sente que assim como um senhor revoltado pela traição da esposa em seu táxi, ele pode(e deve), fazer justiça com as próprias mãos.Paralelamente, ele faz amizade com uma jovem prostituta(Foster, brilhante em seu primeiro papel) e deseja salientar seu desejo de justiça, ajudando a jovem a sair daquela situação vergonhosa, que estranhamente, ela parece gostar e não tem resistência em se submeter.O ódio, a misantropia e a depressão de Travis, estão crescentes, e seu desejo de “vingança” curta e crua da sociedade que sempre o revoltou, parecem eminentes e pequenas para tanto ódio.
Taxi Driver é uma obra em que todos (literalmente TODOS) merecem, e devem ter seu destaque reconhecido. Scorsese conduz a trama com a sobriedade e categoria que lhe convém e, acima de tudo, trabalha com naturalidade no comando de sua equipe. Além disso, com a ajuda do diretor de fotografia, Scorsese cria um mundo sujo, que assim como seu personagem principal descreve, parece sem perspectivas e esperanças para qualquer tipo de melhora.Robert DeNiro, faz seu primeiro papel de protagonista, e com seu dom natural, cria nos momentos mais simples, seus atos mais grandiosos. Exemplo disso é a genial cena onde o personagem principal dialoga com o próprio espelho (o próprio DeNiro improvisou a cena), onde fica claro a solidão e ódio que ele, obrigatoriamente, guarda consigo.Outro exemplo, é a cena em que o misantropo observa um comprimido se efervescendo, já que assim como ele, parece estar a ponto de eclodir diante de toda aquela zona estabilizada sobre ele.Jodie Foster em seu primeiro papel, dá vida a uma jovem prostituta, que aos poucos vamos conhecendo e percebendo que a inocência da jovem jamais existiu, e que acabamos torcendo pela ação final de seu mais novo amigo, com o objetivo de ajudar a jovem.
Reprimido por um eloqüente inconformismo, antissocialismo e ódio pelo que equivocadamente e vergonhosamente chamamos de “seres humanos”, Travis é uma representação simbólica e crua de um sujeito que assim como tantos outros inconformistas, decidiu “limpar parte da sujeira” que tanto o incomodava.
Foto de Roman Polanski e Sharon Tate nus é vendida por US$11.250
Uma foto do cineasta Roman Polanski e sua então mulher Sharon Tate nus, feita pouco antes do brutal assassinato de Tate, foi vendida em leilão na segunda-feira por US$ 11.250, graças ao aumento do interesse em Polanski decorrente de sua prisão recente.
A cópia de gelatina de prata em tamanho grande foi feita de uma imagem clicada pelo fotógrafo inglês David Bailey em 1969, alguns meses antes de a atriz Sharon Tate e quatro outras pessoas serem assassinadas por seguidores de Charles Manson. A foto foi impressa em 1988 para uma exposição viajante.
"Bailey conhecia Polanski muito bem, entre outras razões porque tinha ambições de se tornar cineasta, ele próprio. Na verdade, em 1966 Bailey fez um curta de 30 minutos que acho que raramente é visto", disse à Reuters Television Philippe Garner, da casa de leilões Christie's.
"Esta foto de Polanski com sua mulher é muito comovente, obviamente, porque foi feita em 1969 e Sharon Tate foi assassinada no verão daquele ano. Então a foto tem uma ressonância emocional particular que certamente não foi pretendida quando ela foi feita, mas é uma foto que assombra por essa razão."
Prisão domiciliar
Polanski, de 76 anos, se encontra no momento em prisão domiciliar em seu chalé no resort turístico suíço de Gstaad, enquanto aguarda uma decisão da Justiça sobre um pedido de extradição formulado pelos EUA.
Ele fugiu dos Estados Unidos em 1978, enquanto aguardava ser sentenciado por ter tido relações sexuais ilegais com uma menina de 13 anos. Ele nunca retornou a Los Angeles, onde Sharon Tate, grávida com um filho deles, foi assassinada.
Polanski foi preso a pedido dos Estados Unidos quando desembarcou na Suíça, em 26 de setembro, para receber um prêmio pelo conjunto de sua obra em um festival de cinema. Garner disse que o caso envolvendo Polanski gerou um certo nível de interesse pela foto.
Diretor de filmes como "O bebê de Rosemary" e "Chinatown", Polanski recebeu o Oscar de melhor diretor por "O pianista", de 2002.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Lista: Os 50 Personagens Mais Marcantes da História do Cinema
Todo grande cinéfilo, tem um personagem favorito...Seja ele um "machão", ou um "moçinho", em alguns filmes, os personagens ficaram mais marcados do que a própria história, exemplos não faltam: Tyler Durden (Clube da Luta), Rambo (Rambo), Vito Corleone (O Poderoso Chefão), Hannibal Lecter (Silêncio dos Inocentes), Darth Vader (Star Wars) e etc...
2 – Darth Vader (Star Wars trilogia)
3 – Coringa (Batman – O Cavaleiro das Trevas)
5 – Hannibal Lecter (Silêncio dos Inocentes)
7 – James Bond (007)
8 – Vito Corleone (O Poderoso Chefão)
9 – Ellen Ripley (Alien)
11 – Dude (O Grande Lebowski)
12 – John Rambo (Rambo)
13 – Rando McMurphy (Um Estranho no Ninho)
14 – O Exterminador (O Exterminador do Futuro)
15 – Ferris Bueller (Curtindo a Vida Adoidado)
17 – Neo (Matrix)
19 – Jules Winnfield (Pulp Fiction)
Clube da Luta, de David Fincher (1999)
Caos, sociedade moderna, padronização, consumo desenfreado. Esses todos são temas discutidos e abordados no filme da figura acima, Clube da Luta, de David Fincher. Entre os socos e os pontapés do filme, se encontram personagens e seres cada vez mais comuns no dia a dia da sociedade moderna, caracterizada principalmente pelo consumo desenfreado.
O filme conta a história de um compulsivo sofredor de insônia, que além de não conseguir dormir á tempos, é escravo do consumismo excessivo como muitos. Jack (nome não revelado, mas suposto) começa a frequentar grupos de auto-ajuda para portadores de câncer e outros males, pois só assim se sente vivo perante a sua vida medíocre e consegue dormir. Mas o que parecia bem se altera com a chegada de uma excêntrica mulher chamada Marla Singer, que mudará sua vida para sempre. Em uma viagem de negócios ele ainda conhece Tyler Durden, um sujeito maluco que tem sua própria maneira de viver, longe do consumismo. Juntos, criam o Clube da Luta, que aos poucos se transforma em um projeto ultra-dimensional e perigoso.
Clube da Luta é um filme seco, rude e principalmente, direto. O personagem insulta o espectador, nos chamando de “bostas” quase a todo o momento, e para termos consciência do real sentido do filme, precisamos nem que seja por um pouco mais de duas horas, entrar nas mentes dos personagens. Jack é um homem comum, da sociedade moderna. Vive uma vida de luxo, roupas e acessórios inúteis que segundo ele "o define como pessoa". A mesmice dessa vida tão vazia levada por ele e por muitos é interrompida e "libertada" com a chegada do personagem mais influente e carismático do filme, um sujeito que cria suas próprias regras e vive de seu próprio jeito.
Tyler, o tal sujeito, é o que no fundo todos nós queremos ser, homens livres da sociedade de consumo, de valores. Tyler não tem casa, não tem carro, não tem nada. Para ele, o que vale é o que "você é" e não que você compra ou veste, isso tudo é inútil. A opressão do cotidiano desses homens é vacinada pelas noites prazerosas (ou não) de socos e pontapés nos clubes clandestinos da cidade. Entre os socos, encontramos um pouco de nós em cada um daqueles homens. David Fincher, inteligentemente expõe clara e explicitamente a filosofia de seu filme, portanto, aconselho que só assista ao filme quem estiver ciente da “sutileza” que irá encontrar durante a projeção.
É claro que Tyler Durden é apenas um personagem e talvez não possam existir sujeitos tão livres e remediados da sociedade de consumo como ele. Mas quem nunca fez a seguinte pergunta a si mesmo, em busca da “liberdade”: O que Tyler Durden faria?
domingo, 6 de dezembro de 2009
Al Pacino, interpretara médico "assassino" em filme televisivo para a HBO
Os Mercenários (The Expendables), em BREVE...
sábado, 5 de dezembro de 2009
Tarantino e Almodóvar serão os apresentadores do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro
Oscar: Segundo o site do "Los Angeles Times", os produtores querem que os pares de apresentadores sejam "realmente importantes". Por isso, eles decidiram abandonar o formato de cinco apresentadores, que foi usado em algumas categorias no ano passado.
Os apresentadores da 82ª cerimônia do Oscar serão os atores Steve Martin e Alec Baldwin.
Fonte: Folha Online
Onde os Fracos Não Tem Vez, de Joel e Ethan Coen (2007)
Dos cineastas mais inventivos da atualidade e de atores extraordinários, só poderíamos esperar um dos melhores filmes da década, Onde os fracos não têm vez. Um exercício de direção, onde os famosos irmãos colocam em prática da melhor maneira, tudo que eles aprenderam nesses anos de trabalho.
Um caçador texano, Llewelyn Moss, encontra uma picape com vários homens mortos, drogas e 2 milhões de dólares ao lado, sinal de que alguma coisa da negociação não deu certo. Com o desejo de ficar com o dinheiro, é iniciado uma série de crimes e atrocidades cometidos pelo perigoso e psicótico Anton Chigurgh, que nem mesmo o desiludido xerife Ed Tom Bell pode combater.
Feito com uma exatidão e perfeição, digno de veteranos, No Country For Old Men, é um filme aparentemente difícil de se analisar e compreender. Repleto de simbolismos e metáforas ao longo do enredo, os irmãos Coen trabalham perfeitamente na construção de tudo que envolve a trama, desde o enredo à fotografia detalhista. Na história temos 3 faces principais a serem analisadas. O psicótico assassino da trama, cuja natureza é incompreensível até mesmo para ele. Javier Bardem constrói o melhor personagem de sua carreira, um frio e impiedoso assassino. Chigurgh está acima de tudo e de todos, é bruscamente analisado como sendo a “maldade” em pessoa. Agindo a primeira vista de forma irracional, ele é perfeccionista e estuda friamente suas ações, a fim de evitar qualquer tipo de imprevisto, o que o deixaria profundamente raivoso. Ele persegue Moss (Brolin) que demonstra coragem e burrice em seu ato inconseqüente de guardar o dinheiro, sem saber que seria perseguido por um psicopata sem qualquer tipo de sentimento. Talvez o mais interessante personagem da história, seja o Ed Tom Bell (Lee Jones) que serve como um mediador entre o cruel assassino e o corajoso caçador. Ed Tom Bell tem sua primeira aparição no longa, logo no início onde sua voz rouca e triste, disserta sobre o novo mundo cruel, que ele não parece estar disposto a acompanhar. Ele traça um paralelo dos tempos “atuais”, onde sujeitos frios e impiedosos trazem a maldade incompreensível à tona, quando antigamente, os xerifes de seu pequeno condado, não precisavam nem andar armados.
Conhecidos por sua inventividade e maneira única de filmar, Ethan e Joel Coen fazem em pequenas cenas e ações do longa, seus atos mais geniais e surpreendentes. A cena dos primeiros minutos de projeção, onde Chigurgh aposta a vida de um atendente de uma lanchonete, com um simples jogo de cara ou coroa, acentua sua maneira metódica de pensar e agir diante de suas presas. A cena do leite, onde o pessimista Ed Tom Bell percebe que está sempre um passo atrás de sua caça, se depara com um mundo incompreensível, já que mesmo quando em um ato de esperança e esforço em conseguir alcançar seu objetivo, ele se vê incapacitado física e emocionalmente de acompanhar a violência crescente do mundo atual. Outro aspecto a ser observado, são os tiros que parecem surgir “do nada”, sem que ninguém tenha os provocado. O acaso, a imparcialidade e a injustiça são transmitidas nesses simbolismos, onde nos deparamos com a nossa triste realidade, exposta durante o filme.
A natureza fria de Chirgurgh é demonstrada também em uma cena de genialidade absurda, onde ele conversa com um ex-xerife Carson Wells (Woody Harrelson) sobre como ele chegou até aquela situação, e sobre a “natureza”, que parece incompreensível para os próprios olhos e analise. Wells surge como a redenção, onde ele em dois diálogos primorosos com a presa e o caçador ressalta até que ponto a crueldade de Chigurgh é capaz de chegar e conseqüentemente, matar.
Interessante também, que os três personagens principais do longa, jamais têm algum tipo de contato “cara a cara” durante sua projeção, sempre sendo intermediados pelas ações e conversas com os importantes coadjuvantes do longa, simbolizando e afirmando ainda mais as 3 faces que os diretores queriam demonstrar e, posteriormente, analisar.A maldade, a bondade e justiça, são representadas durante as ações e diálogos da projeção, pelos criativos e geniais cineastas
A ausência da trilha sonora é outro ponto alto do longa, fugindo de qualquer clichê possível e que nos remete ao imenso silêncio e vazio dos personagens.As cenas de perseguição ficam mais apreensivas – já que escutamos desde um barulho de um bater de porta, à uma respiração sufocada- e as conversas ficam mais densas e intensas, visto que elas soam mais real do que os filmes com a trilha.A fotografia consegue auxiliar e ressaltar a “trilha”, já que sempre somos remetidos à um mundo repleto de desilusões e crueldades, como o próprio longa já transmite.
E tudo isso pra que? Qual o propósito? São essas as perguntas que nós, espectadores fazemos após o grandioso filme. O dinheiro exposto e desejado durante todo o enredo, simboliza o real valor e sentimentos que os homens tem por eles mesmos, onde uma simples maleta de dinheiro pode valer mais do que preciosas vidas humanas.
Tão impactante quando cruel, Onde os fracos não têm vez é um retrato real e triste da realidade que nos deparamos com os dias de hoje. E quando criarmos, como o xerife Ed Tom Bell criou, uma pequena esperança e sonho de que ainda teremos paz e bondade nesse mundo, nos encontraremos com 3 simples, porém verdadeiras palavras:
“E aí, acordei.”
OBS: Critica, por Lucas Dantas
Violência Gratuita, de Michael Haneke (1997)
Poucos filmes foram tão discutidos nos últimos anos, como esse, Violência Gratuita. O remake, feito em 2008, veio para reafirmar um filme e uma idéia que poucas pessoas tinham o conhecimento. Curioso, que o diretor é o mesmo do original austríaco, o excelente Michael Henake, que recriou a história plano a plano, colocando apenas atores mais famosos para os papéis principais.
O filme conta a história de uma família que após chegarem a sua casa de campo, recebem a visita inesperada de dois jovens bonitos e bem vestidos, que aos poucos, fazem um violento e cruel jogo físico e psicológico com eles. Com a premissa apenas de pedir 4 ovos emprestados a Senhoria Anna(Susanne Lottar), os “educados” jovens vizinhos desencadeiam uma avalanche de atrocidades, que não parece ter seu fim tão cedo. Os ovos, ao contrário do que muitos pensam, serve como a “chave” de todos os problemas, e uma comparação indireta e metafórica do mundo terrível em que vivemos.Assim como a religião e o petróleo nos dias de hoje, os ovos surgem como um fator “extra-importância” que parece desencadear tudo de mal e terrível que os jovens delinqüentes começam a fazer.As pessoas hoje em dia não são más por causa de um produto preto asqueroso, ou por causa de uma crença maior do que a própria vida; as pessoas são naturalmente más, e por conta de seus vícios quase que incontroláveis de poder e riqueza, cometem erros inimagináveis e inconseqüentes.Os jovens em questão, são interpretados pelos ótimos e desconhecidos Ulrich Muhe e Arno Frish, que trabalham com perfeição, na constituição e caracterização física e psicológica de seus excêntricos personagens.Jovens que provavelmente são de famílias bem-sucedidas e “perfeitas”, cometem crimes e delitos que nem suas próprias naturezas, parecem compreender.Ironicamente, os jovens ao longo da projeção, sempre tem as típicas “conversas intelectuais” de filmes americanos, como a genial cena final, onde em uma ação importante do longa, eles discutem formalmente sobre “matéria” e “anti-matéria”, como se tudo o que eles proporcionaram até então, não passassem de uma simples aula prática de física.Eles torturam e abusam, por simples prazer de ver o sofrimento alheio interminável.Por que isso? Pra que? Haneke, inteligentemente, esquece a parte cinematográfica em questão, e expõe apenas a idéia central de seu audacioso filme: ”A violência não é ruim, é horrível”.
Um filme para ser visto e revisto, discutido em rodas cinéfilas e, principalmente, entre os centros educacionais pelo país e pelo mundo, com palestras inventivas e realistas. Porque do jeito que a sociedade e a humanidade estão caminhando, daqui a pouco “Violência Gratuita” fará parte cada vez mais freqüente do nosso cotidiano...