sábado, 5 de dezembro de 2009

Violência Gratuita, de Michael Haneke (1997)

Torturas, abusos, jovens psicopata e crueldade. Sim, são esses os principais atributos do excepcional Violência Gratuita, filme austríaco desconhecido, infelizmente, para grande parte do público. Um retrato da maldade, pura e crua, realizado de forma exata e perfeita pelo cineasta alemão Michael Haneke.
Poucos filmes foram tão discutidos nos últimos anos, como esse, Violência Gratuita. O remake, feito em 2008, veio para reafirmar um filme e uma idéia que poucas pessoas tinham o conhecimento. Curioso, que o diretor é o mesmo do original austríaco, o excelente Michael Henake, que recriou a história plano a plano, colocando apenas atores mais famosos para os papéis principais.



O filme conta a história de uma família que após chegarem a sua casa de campo, recebem a visita inesperada de dois jovens bonitos e bem vestidos, que aos poucos, fazem um violento e cruel jogo físico e psicológico com eles. Com a premissa apenas de pedir 4 ovos emprestados a Senhoria Anna(Susanne Lottar), os “educados” jovens vizinhos desencadeiam uma avalanche de atrocidades, que não parece ter seu fim tão cedo. Os ovos, ao contrário do que muitos pensam, serve como a “chave” de todos os problemas, e uma comparação indireta e metafórica do mundo terrível em que vivemos.Assim como a religião e o petróleo nos dias de hoje, os ovos surgem como um fator “extra-importância” que parece desencadear tudo de mal e terrível que os jovens delinqüentes começam a fazer.As pessoas hoje em dia não são más por causa de um produto preto asqueroso, ou por causa de uma crença maior do que a própria vida; as pessoas são naturalmente más, e por conta de seus vícios quase que incontroláveis de poder e riqueza, cometem erros inimagináveis e inconseqüentes.Os jovens em questão, são interpretados pelos ótimos e desconhecidos Ulrich Muhe e Arno Frish, que trabalham com perfeição, na constituição e caracterização física e psicológica de seus excêntricos personagens.Jovens que provavelmente são de famílias bem-sucedidas e “perfeitas”, cometem crimes e delitos que nem suas próprias naturezas, parecem compreender.Ironicamente, os jovens ao longo da projeção, sempre tem as típicas “conversas intelectuais” de filmes americanos, como a genial cena final, onde em uma ação importante do longa, eles discutem formalmente sobre “matéria” e “anti-matéria”, como se tudo o que eles proporcionaram até então, não passassem de uma simples aula prática de física.Eles torturam e abusam, por simples prazer de ver o sofrimento alheio interminável.Por que isso? Pra que? Haneke, inteligentemente, esquece a parte cinematográfica em questão, e expõe apenas a idéia central de seu audacioso filme: ”A violência não é ruim, é horrível”.

Igualmente genial, Henake consegue algo que poucos diretores conseguem fazer em seus filmes, o de testar não só os personagens da história, mas nós, os espectadores. Os jovens psicopatas nos indagam olhando diretamente para a câmera, nos culpando por estamos “procurando” assistir violência como entretenimento e diversão. Um universo real, que choca, provoca, assusta, e principalmente, nos culpa a todo o momento pela sociedade-lixo que construímos com nossa imensa “inteligência”. E se ao final da projeção, o espectador espera um desfecho “plausível” e coerente como o próprio antagonista diz, ele destrói toda essa idéia, com a cena absolutamente genial do “controle remoto” e suas possibilidades (a realidade e o “desfecho plausível”)
Um filme para ser visto e revisto, discutido em rodas cinéfilas e, principalmente, entre os centros educacionais pelo país e pelo mundo, com palestras inventivas e realistas. Porque do jeito que a sociedade e a humanidade estão caminhando, daqui a pouco “Violência Gratuita” fará parte cada vez mais freqüente do nosso cotidiano...

OBS: Critica, por Lucas Dantas

2 comentários:

  1. Funny Games de 1997 eu nao Cheguei a ver
    mais o Remake feito em 2008 vi e achei um filme ridiculo, sem graça e com uma historia boba.

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  2. já vi esse filme tem um tempo. tão bom e digno de discussão quando o Laranja Mecânica do Kubrick e Cama de Gato, uma produção nacional da T.R.A.U.M.A, com o Caio Blatt.

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